O LADO POSITIVO DOS ERROS NA MATEMÁTICA

Segundo uma teoria amplamente aceita, aprendemos mais com os erros do que com os acertos. Isto é especialmente verdadeiro quando nos envolvemos com a Matemática, quer como aprendizes, professores ou pesquisadores. Um bom erro sacode a mente, desperta a atenção para um fato previamente ignorado, altera o significado do que era considerado relevante, cria novas conexões entre os conceitos e reestrutura o conhecimento.
A despeito da visão comum de que a Matemática é a ciência do raciocínio lógico imbatível, não se pode ignorar que os matemáticos são falíveis e cometem erros, estando permanentemente sujeitos a equívocos de toda sorte - principalmente em questões de Lógica. Descobertas matemáticas importantes se originaram do exame de erros em definições e demonstrações. Já foram publicados artigos e livros sobre erros cometidos por matemáticos ilustres. E assim como os lógicos descobriram que é importante estudar e classificar as falácias, creio que uma exploração semelhante pode render frutos no interior da nossa ciência rainha. Esta seção do site Matemática Para Gregos & Troianos será devotada à divulgação e esclarecimento de erros matemáticos portadores de alguma relevância para a educação e a pesquisa.
Talvez o primeiro erro a ser notado aqui seja o emprego vago (e ambíguo) da própria palavra "erro". Naturalmente, não nos referimos aqui a erros numéricos ou de medida. Os limites precisos do que classificaremos como "erros dignos de atenção" não serão demarcados. Mas é óbvio que não discutiremos enganos menores como simples inadvertências ou pequenos equívocos. Não contemplaremos apenas argumentos defeituosos como alguns dos clássicos "paradoxos", mas também todo tipo de afirmação, prática ou crença popular equivocada cuja discussão crítica possa engendrar material de interesse histórico, pedagógico ou especificamente técnico para os amantes da Matemática.
Dada a existência e a imensa instabilidade da vaidade humana, apontar erros é certamente uma tarefa delicada. Muitos dos artigos desta parte citarão explicitamente nomes de autores, títulos de obras e excertos que contêm os erros ou impropriedades em debate. Não se pretendeu com isso, evidentemente, erigir um "tribunal da verdade" nem tampouco ridicularizar ou menosprezar o labor intelectual de outrem. Afinal, errare humanum est.
por Carlos César de Araújo.